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Diário de Bordo do TAM

O ensaio composto por fotografias do acervo da restauração do Teatro Alberto Maranhão (TAM), na cidade de Natal, no Rio Grande do Norte, que presenciei entre 2019 a 2021, são imagens que buscam evidenciar os trabalhadores, os quais muitas vezes são esquecidos ao longo de uma história. Ao mesmo tempo em que as imagens servem como registros históricos, elas também nos ajudam a compreender que servem como camadas diferentes e mais profundas sobre aquela história narrada visualmente, ampliando as leituras visuais para além de um registro histórico.

Durante o projeto de registro, foram publicadas, no perfil no Instagram @diariodebordotam, algumas imagens semanalmente do andamento da obra para que o público pudesse acompanhar os passos. E na entrega do TAM em dezembro de 2021, completamente restaurado, foi realizada uma exposição no Salão Nobre, que ficou aberta para visitação do público até o final de janeiro de 2022.

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Exposição no Salão Nobre do TAM em dezembro de 2021

 

 

Texto de apresentação:

As fotografias podem ser um simples registro do reflexo de uma luz. E podem ser aquilo que fazemos delas.

Eu, o fotógrafo, fiz a interpretação do registro; depois, foi realizada uma edição com diferentes olhares para ser uma fala e criarmos juntos um espaço de diálogo entre nós. Estamos em uma conversa, talvez até criando uma forma de dança. Esse caminho começou em julho de 2019, ou melhor, nas minhas primeiras visitas, ainda criança, a espetáculos e ensaios.

O meu ato de registrar é composto por escolhas estéticas que criam um acervo de imagens possíveis de contar muitas outras histórias. Esse trabalho é um recorte não fechado. As edições revelam as histórias, e os diálogos criam as edições. Trata-se, na verdade, de um convite para uma dança de perspectivas. Agora nos cabe abrirmos o salão com os primeiros passos. A definição dessa dança surge com o tempo e o sentido que daremos para as histórias que justificam ser memórias.

 

Assim como a memória, estar lá era ver um movimento contínuo das coisas que aconteciam de forma muito dinâmica. Estava ali acompanhando uma etapa histórica para o Rio Grande do Norte e o querido TAM - Teatro Alberto Maranhão. Meu papel era realizar um registro visual poético em uma criação livre, do processo de revitalização do TAM, e que pudesse atender o registro histórico daquele momento como um fato. Ter uma autonomia plena para propor, criar e simplesmente ser, é um sonho que está sendo compartilhado com todos.

 

Tenho a honra de dizer que produzi um documento que compõe a continuidade da história do TAM e do Rio Grande do Norte. Uma continuidade para nós, feitos do presente, passados e futuros.

Vamos imaginar:

 

Em vez de entrar e ver uma exposição visual, que tal entrar numa dança de salão?

De um lado, eu, que os convido para dançar, com a minha perspectiva.

Do outro, você, com a sua perspectiva e entendimento do que irá ver.

 

A nossa dança será um diálogo envolvendo formas, tons e composições que as imagens e seus assuntos nos trazem. Os olhos navegarão as imagens, criando um ritmo próprio, encontrando as melodias e sentidos dos passos.

 

Nessa dança imaginária, temos uma orquestra tocando uma música e um regente. A orquestra são eles, os fotografados, que fizeram parte da revitalização desse grande regente chamado TAM - Teatro Alberto Maranhão. O tempo dos passos, o estilo da dança e o sentido estão na afinação e habilidade deles, os fotografados.

E para quem nunca dançou, é só começar. Um passo para lá e outro para cá, procure o ritmo e flua.

Imagine dançar e já estará lá.

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